A História da Vila
Resenha Histórica
O território que compreende o actual concelho de Silves é habitado pelo homem desde a pré-história e os testemunhos mais antigos dessa presença humana surgem precisamente na zona de influência histórica da freguesia de Alcantarilha, mais precisamente nas praias fósseis da Torre e do Morgado das Relvas, no litoral.
O primeiro povoado de Alcantarilha, surgiu ainda em épocas pré-romanas. O primitivo núcleo habitacional teria origem numa hipotética fortaleza, instalada no outeiro onde se desenvolveu a povoação, que, de acordo com o inventário da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, consistiria num castro lusitano de povoamento de transição do Neolítico para o Calcolítico. Por Alcantarilha (segundo o mesmo inventário), passaram fenícios, gregos e cartagineses.
Sendo Alcantarilha uma terra cujas origens estão envoltas em mistérios e tradições muito antigas, a raiz do seu topónimo não parece, contudo, suscitar dúvidas. É de origem árabe e deriva de al-quanTarâ, (ponte, viaduto, aqueduto) que, no seu diminutivo românico, moçarabe, significaria ponte pequena ou pontezinha.
Ao longo da Idade Média e início da Idade Moderna, pouco se sabe acerca de Alcantarilha, à excepção, de alguns factos relacionados com a defesa da costa algarvia., e das raras descrições da povoação, a partir do século XVI.
A descrição mais antiga que se conhece é de 1573. Trata-se da relação de João Cascão, cronista que acompanhou el-rei D. Sebastião na viagem que empreendeu ao Algarve. O monarca, que em 1571 tinha ordenado a conclusão das muralhas de Alcantarilha. – obras iniciadas, segundo se crê, no reinado de D. João III - , visitou a localidade no dia 28 de Janeiro de 1573, para ver a obra feita.. João Cascão deixou um pequeno, mas notável relato histórico, um dos mais antigos testemunhos da aldeia, (aldeia, assim é intitulada Alcantarilha), então composta por 150 vizinhos e completamente cercada de muralha com baluartes. Tratou-se de uma visita curta, mas de grande significado para a população.
Afinal, era o rei que visitava Alcantarilha.
Alcantarilha foi berço de importantes personalidades da vida portuguesa, como José Diogo Mascarenhas Neto, responsável pela grande “revolução” dos correios portugueses no século XIX. Naturais de Alcantarilha foram também os famosos irmãos Mendonça (Sebastião José e José António), respectivamente barões de Alcantarilha e Jaraguá (Brasil). Nasceu também em Alcantarilha o pintor José Joaquim Rasquinho, bem como, João Ortigão Peres, brilhante militar de carreira.
Sublinha-se uma relação histórica muito íntima entre as duas actuais sedes de freguesia - Pêra e Armação de Pêra - e Alcantarilha, uma vez que durante vários séculos tanto uma como a outra, foram aldeias administrativamente dependentes da freguesia mãe: Alcantarilha. Pêra esteve ligada a Alcantarilha até 1683, quando o bispo D. José de Menezes a desanexou, integrando-a em Albufeira. Em 1933, Armação de Pêra ganhou a sua autonomia territorial, tendo sido desintegrada de Alcantarilha, passando a constituir uma freguesia independente.
Em resultado de tudo o que os alcantarilhenses fizeram pela valorização da sua povoação e freguesia ao longo dos tempos, em 4 de Fevereiro de 1999, o deputado socialista Jorge Valente, eleito pelo Algarve, levou à Assembleia da República, um projecto de lei para a elevação da povoação de Alcantarilha a Vila, projecto esse que veio a ser aprovado no Plenário de 13 de Maio desse ano e oficializado no dia 1 de Novembro, iniciando-se um novo ciclo da história alcantarilhense.